Etapa 4

Etapa 4: TIPO ASSIM...


O grupo deverá desenvolver uma tipografia de estilo livre.

No laboratório o grupo apenas precisa construir as letras “A”, “B” e “C” (maiúsculas). Durante a semana, desenvolver o restante do alfabeto e postar no blog do seu grupo.


Observação: Os grupos podem se utilizar de qualquer aplicativo gráfico vetorial ou de imagem, incluindo aplicações próprias para o desenvolvimento de tipos.

Desafio:

  1. O grupo deverá durante a semana construir o restante do alfabeto (maiúsculo) e postar no blog do grupo, registrando as etapas de sua construção/concepção (brainstorm, rafe, layout);
  2. Desenvolver estratégia on-line e/ou off-line para que a postagem seja comentada criticamente por pelo menos 20 estudantes de outras turmas de Publicidade e Propaganda da Facima.


Pontuação da etapa: 
  • Construção durante a aula das letras “A”, “B” e “C”: 1500 
  • Construção durante a semana das letras “A”, “B” e “C”: 900 
  • Construção do restante do alfabeto: 2500 
  • Postagem do alfabeto no blog do grupo: MEDALHA
  • Grupo que primeiro obtiver 20 comentários na postagem do blog: CARD

Leiam o material de apoio que será a base para o aprofundamento de nossos estudos.



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MATERIAL DE APOIO




Tipografia em Projetos Gráficos

A tipografia (do grego typos "forma" e graphein "escrita") é a arte e o processo de criação na composição de um texto, física ou digitalmente. Assim como no design gráfico em geral, o objetivo principal da tipografia é dar ordem estrutural e forma à comunicação impressa. Por analogia, tipografia também refere-se a um sistema de impressão antigo, que utilizava-se de tipos móveis como forma de impressão.

Na maioria dos casos, uma composição tipográfica deve ser especialmente legível e visualmente envolvente, sem desconsiderar o contexto em que é lido e os objetivos da sua publicação. Em trabalhos de design gráfico, a tipografia é um elemento que pode sair do contexto de legibilidade e considerar características mais visuais de acordo com o propósito do projeto. Um exemplo bastante fácil de assimilar é um convite de casamento em que a questão de legibilidade é desconsiderada.

Atualmente, os estudos tipográficos baseiam-se em formatos digitais de fontes tais como True Type, Adobe, Microsoft e Open Type. A escolha da tipografia, como apresentado acima, deve ter como parâmetro o propósito e tipo de projeto. A escolha não pode ser aleatória já que existem milhares de fontes disponíveis, O estudo deve ser mais aprofundado e recomenda-se buscar a história daquela família tipográfica que se quer usar pois, certamente, a sua essência ajudará na composição do projeto gráfico.

Por exemplo, a tipografia Garamond que vem de 1530, da escrita de Claude Garamond, é largamente utilizada em projetos com grande quantidade de texto corrido pois provoca no leitor a sensação de descanso visual. Da família Garamond, muitas versões de fontes foram inspiradas e levemente modificadas, mas as suas essências permanecem.


TIPOGRAFIA

Todo material de comunicação, ou a grande maioria deles, usa letras para transmitir alguma mensagem. Por que usam letras diferentes? Será que é somente uma questão estética? Ou será que tem um por quê?

A essa altura, já entendemos que nada na criação de uma peça de comunicação é simplesmente estético; cada cor, cada texto, a posição dos elementos devem ser pensados para alcançar o melhor resultado na comunicação.

Símbolos transmitem mensagens, mesmo que não nos atentemos a isso à primeira vista. Letras são símbolos que, em conjunto, além de transmitirem a mensagem escrita, também passam conceitos e sensações, de acordo com seu desenho e suas características.

Uma letra manuscrita, por exemplo, transmite proximidade, pessoalidade. É o tipo de letra usada quando queremos passar a ideia de que uma pessoa escreveu aquele texto especialmente pra quem o lê. Já uma letra que imita os caracteres mono-spaced de máquina de escrever é utilizada para simular uma carta datilografada.

Por isso, para a utilização de determinada família tipográfica, é necessário um estudo de acordo com o conceito da peça e da mensagem.

A definição clássica de tipografia divide os desenhos de letras em cinco famílias: romana antiga, romana moderna, egípcia, lapidária e cursiva, que, por sua vez, inclui as manuscritas, as fantasias, as góticas e todas as outras que não se encaixam nas quatro famílias anteriores.

Antes de conhecer as famílias, é importante conhecer a estrutura do caractere, pois é nisso que as definições se baseiam.

Estrutura do Caractere

As características das hastes e serifas direcionam a nomenclatura clássica do estudo de famílias tipográficas.

Classificação por famílias

Romana antiga

Essa família é inspirada na escrita monumental romana, no estilo de escrita daquela época.

Normalmente utilizada em textos longos, possui um contraste (grosso-fino) suave entre as hastes e o triângulo como base do desenho de suas serifas. Essas características harmoniosas deixam a leitura mais suave e agradável, permitindo um maior tempo sem que o leitor se canse. Das cinco famílias, é a de melhor legibilidade para jornais, revistas e editoriais de uma forma geral.

A fonte mais conhecida da família Romana antiga é a Times (Times New Roman), criada para o jornal homônimo e amplamente utilizada na internet e em programas de edição de texto, como o Word.

Alguns conceitos que transmitem: tradição, classe, requinte, confiabilidade.
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Times New Roman

Romana moderna

Desenvolvida pela evolução da Romana antiga, busca linhas mais retas e mais contraste.

Essa característica fez com que fosse considerada esteticamente superior, porém, com uma legibilidade levemente prejudicada. Suas hastes com muito contraste tornam algumas letras muito finas, dificultando sua perfeita aplicação em determinados tamanhos e processos de impressão ou vídeo.

Além das hastes com contraste acentuado, a base do desenho das suas serifas é reta. São serifas retilíneas.

A fonte Bodoni é um clássico exemplo dessa família. Dão um “toque mais moderno” aos conceitos das Romanas antigas.

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Bodoni

Egípcia

A Revolução Industrial trouxe uma nova forma de pensar e enxergar tudo na vida do homem e isso também se refletiu na tipografia. A época da máquina pedia um desenho mais mecânico, menos sutil.

O desenho mais mecânico foi traduzido na uniformidade das hastes, eliminando ou diminuindo sensivelmente o contraste, e a menor sutileza se transformou em serifas retangulares, pesadas.

O visual de blocos deu o nome à família, que tem como exemplos fontes como Rockwell e Blackcoak. Transmitem conceitos como força, peso, masculinidade, solidez.

Rockwell


Lapidária

Esta família foi criada tendo a legibilidade como maior objetivo, sendo amplamente utilizada em comunicações de todos os níveis, desde sinalizações de trânsito e transportes coletivos até sinalizações internas e propagandas.

São as letras mais lidas no nosso dia-a-dia, o que não é à toa. Sua legibilidade, tanto de perto como de longe (principalmente), é ótima. Seu desenho limpo e a ausência de serifas não confunde a leitura. Suas hastes têm baixo ou nulo contraste.

Boa legibilidade em muito texto, letras limpas e visíveis a uma grande distância são características dessas famílias, que é representada, entre outras, por fontes como Helvética, Arial e Futura.

São fontes modernas, tecnológicas, limpas, concisas, claras e transmitem esses conceitos.

Helvética

Cursivas

As fontes dessa família não se encaixam em nenhuma das definições anteriores, têm hastes e serifas livres, não seguem um padrão.

Legibilidade não é uma característica forte, pois buscam o conceito com mais força. Essa família pode ser dividida em dois subconjuntos: as manuscritas e as fantasia. As primeiras imitam a escrita à mão, pessoal, enquanto as outras buscam referências fora do universo das letras para seu desenho; são as góticas, as formadas por elementos diversos como ferramentas, corpos, entre outros.

O conceito transmitido é muito específico de cada fonte e a mais conhecida é a Comic Sans, que imita as letras dos diálogos de histórias em quadrinhos.

Seja qual for a família mais adequada para os conceitos da campanha criada ou da marca representada, existem centenas de opções para cada uma delas e, com essas opções, é possível alterar a estética de um material simplesmente mudando a fonte, dentro da mesma família.

Independente da família utilizada, as fontes oferecem ainda outras variantes, que possibilitam criar uma dinâmica e uma hierarquia ao texto e ao layout.

Manuscritas

Fantasia


Classificação por série

Quanto à largura
A mesma letra de uma família pode ter larguras diferentes, existem normalmente pelo menos três variações:

  • normal: desenho original da letra;
  • condensada (condensed): mais estreita que a normal;
  • expandida (extended): mais larga que a normal.

Quanto à tonalidade
Uma mesma letra também pode ter força diferente, dependendo da sua tonalidade. Essa diferença é percebida pela largura das hastes da letra. A seguir, são apresentadas as variações padrão, mas muitas fontes apresentam ainda mais opções, com níveis intermediários de tonalidade:

  • medium: hastes normais;
  • light: hastes mais finas que a medium;
  • bold (negrito): hastes mais espessas que a medium.

Quanto à inclinação
Inspirada na Torre de Piza, na Itália, muitas fontes apresentam uma variação inclinada, que também pode enriquecer a hierarquia do texto. Temos duas opções:

  • redonda: desenho original da letra;
  • itálica: tombada ligeiramente para a direita.

Existe, ainda, o termo italizada. Esse termo é referente a fontes que não foram pensadas na variação de sua inclinação, mas que são inclinadas manualmente. Softwares de editoração oferecem essa opção sem alterar as características básicas das letras.

Classificação onomástica

Para poder diferenciar as várias fontes dentro de uma mesma família, são criados nomes para as fontes no momento em que são criados os novos desenhos. Dessa forma, dificilmente usa-se no dia-a-dia o nome das famílias. Essa é a classificação onomástica.

Considerações na escolha da tipografia

Como visto anteriormente, a tipografia é um elemento importante em um layout e, por isso, não pode ter sua escolha baseada simplesmente no gosto pessoal. Um exemplo clássico de erro na escolha de uma tipografia é o uso indiscriminado da Comic Sans. Esta é uma fonte descontraída, inspirada em histórias em quadrinhos, bastante informal, no entanto, não é raro encontrá-la em textos sérios, formais e até em contratos de empresas menores. Um contrato todo feito em Comic Sans não seria, dentre as escolhas possíveis, o que transmitiria mais segurança.

Três fatores devem ser levados em consideração na hora da escolha e, mesmo que o fator estético seja subjetivo, os outros dois fatores (legibilidade e adequação) aumentam as chances de acerto na escolha. Essa escolha nunca deve ser feita de forma isolada e independente, a tipografia determinada deve ser a que melhor atende à proposta, no conjunto: estética, adequação e legibilidade.

Estética

Apesar de subjetivo e pessoal, este fator deve ser observado considerando o layout e os demais elementos da página/projeto. Não existem limites para o número de fontes utilizadas em um material gráfico, mas é aconselhável usar, como principais, no máximo duas famílias diferentes, sendo que, dentro de cada família, apenas uma tipografia. Ou seja, não é rotina utilizar, por exemplo, Futura e Helvética no mesmo projeto gráfico.

Adequação

Alguns fatores devem ser levados em consideração. A seguir, algumas questões que devem estar na mente do diretor de arte na hora da avaliação.

O que é o texto? Um título, um texto, uma legenda?

Quem vai ler o material? Jovens dinâmicos ou idosos com certas dificuldades?

Para qual mídia a peça está sendo criada? TV, revista, internet?

Onde essa peça poderá ser vista/lida? Na rua, no trem, em casa?

Legibilidade

Cada texto tem a sua importância em um material gráfico. A legibilidade deve acompanhar esse critério, que também varia de peça para peça. O título de uma manchete de jornal, por exemplo, não pode ser difícil de ler, mas um ícone ilustrativo formado por letras, num caso em que a percepção é mais importante que o entendimento, pode utilizar uma tipografia mais ousada.

Além de todos esses elementos na escolha da tipografia ideal, um texto também depende de outros fatores para compor um layout. O tamanho da letra, o espaçamento entre linhas, entre letras, entre parágrafos e alinhamento são elementos que podem deixar um texto mais atrativo e agradável.

Tamanho da letra (corpo)
O corpo de um texto é o tamanho que as letras terão na página. É uma nomenclatura que nasceu com os tipos móveis de Gutemberg e que compreende o espaço entre o topo da letra mais alta e a base da haste inferior das letras.

Esse tamanho é medido em pontos/paicas. Um ponto equivale a 0,341mm.

Entrelinha
É o espaço medido da base da letra de uma linha até a base da letra da linha abaixo. Também é medida em pontos.

A entrelinha ideal de um texto é de 120% do corpo. Ou seja, para o corpo 10pt, a entrelinha ideal é 12pt. Todavia, isso não é uma regra. Aumentar a entrelinha pode dar mais leveza ao bloco de texto, enquanto fechar a entrelinha pode causar um efeito interessante para o layout.

Entreletra
É o espaço entre as letras; também pode ser controlado (aumentado ou diminuído), de acordo com o projeto gráfico e a necessidade. O bom senso deve ser a medida do limite para essas interferências, pois, qualquer exagero, para mais ou para menos, pode prejudicar ou até mesmo inviabilizar a leitura rápida de um texto.

Kerning
Diferente de entre letra, o kerning é o ajuste entre as letras de uma mesma palavra, preenchendo possíveis espaços em branco, evitando buracos.

Quando a máquina de escrever era comum, tinha, como característica, as letras mono-spaced, o que fazia com que o i e o m tivessem a mesma largura. Isso era necessário para que todas as linhas datilografadas tivessem a mesma largura, com o mesmo número de caracteres. Isso era um problema, pois cada letra precisa de um espaço, dependendo da quantidade de informação que ela traz. Compare essas duas letras utilizadas como exemplo e confira.

Com o desenvolvimento da tecnologia, criou-se esse recurso, para minimizar visualmente os espaços que ficavam entre letras como T e A. Um kerning bem ajustado deixa um texto esteticamente melhor, além de melhorar a fluidez da sua leitura.

Entre parágrafos
Além das entrelinhas como recurso para deixar um bloco de texto mais leve, existe esta outra alternativa, que separa os parágrafos, ajudando, inclusive, a organizar visualmente o texto. O resultado visual é semelhante ao que tínhamos quando, no colégio, a professora, ao ditar algo, nos dizia para “pular uma linha”.

Alinhamento de texto
Dependendo do layout, o alinhamento do texto precisa ser diferente do tradicional, alinhado à esquerda. Para isso, temos três opções: alinhado à direita, centralizado e justificado.

Com exceção do justificado, que tem regulares as duas extremidades do texto, os demais apresentam pelo menos um dos lados de forma irregular.

  • alinhado à esquerda: irregular do lado direito;
  • alinhado à direita: irregular do lado esquerdo;
  • centralizado: irregular dos dois lados.

Um diretor de arte tem diversos recursos para deixar um texto mais atrativo em um layout. Foram considerados os recursos padrão dos programas, mas a criatividade do profissional ainda pode buscar outras alternativas, de acordo com a necessidade de cada layout.

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REFERÊNCIAS

ALI, Fátima. A arte de editar revistas. Brasil: IBEP - Instituto Brasileiro de Edições Pedagógicas, 2009.

CÉSAR, Newton. Direção de arte em propaganda. Brasil: SENAC Distrito Federal, 2013.

COLLARO, Antonio Celso. Produção gráfica: arte e técnica da mídia impressa. São Paulo: Prentice Hall Brasil, 2007.

CONSOLO, Cecília. Anatomia do design: uma análise do design gráfico brasileiro. São Paulo: Blucher, 2009.

LUPTON, Ellen. Pensar com tipos: guia para designers, escritores, editores e estudantes. São Paulo: Cosac Naify, 2013.
LUPTON, Ellen; PHILLIPS, Jennifer Cole. Novos fundamentos do design. São Paulo: Cosac Naify, 2014.

PEREIRA, Aldemar A.; Tipos: desenho e utilização de letras no projeto gráfico. Rio de Janeiro: Quartet, 2007.


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